quarta-feira, 29 de junho de 2011

Os veículos de combate da Guerra Civil Espanhola




Imagens da Guerra

Esse vídeo muito bacana mostra algumas imagens em cores da Guerra!

Poesia de Guerra

Federico García Lorca foi um poeta e dramaturgo espanhol, e uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola.
Nestes poemas ele procura mostar o sofrimentos vividos pela Espanha e sua população.
ESTE É O PRÓLOGO

Deixaria neste livro
toda a minha alma.
este livro que viu
as paisagens comigo
e viveu horas santas.

Que pena dos livros
que nos enchem as mãos
de rosas e de estrelas
e lentamente passam !

Que tristeza tão funda
é olhar os retábulos
de dores e de penas
que um coração levanta !

Ver passar os espectros
de vida que se apagam,
ver o homem desnudo
em Pégaso sem asas,

ver a vida e a morte,
a síntese do mundo,
que em espaços profundos
se olham e se abraçam.

Um livro de poesias
é o outono morto:
os versos são as folhas
negras em terras brancas,

e a voz que os lê
é o sopro do vento
que lhes incute nos peitos
- entranháveis distâncias.

O poeta é uma árvore
com frutos de tristeza
e com folhas murchas
de chorar o que ama.

O poeta é o médium
da Natureza
que explica sua grandeza
por meio de palavras.

O poeta compreende
todo o incompreensível
e as coisas que se odeiam,
ele, amigas as chamas.

Sabe que as veredas
são todas impossíveis,
e por isso de noite
vai por elas com calma.

Nos livros de versos,
entre rosas de sangue,
vão passando as tristes
e eternas caravanas

que fizeram ao poeta
quando chora nas tardes,
rodeado e cingido
por seus próprios fantasmas.

Poesia é amargura,
mel celeste que emana
de um favo invisível
que as almas fabricam.

Poesia é o impossível
feito possível. Harpa
que tem em vez de cordas
corações e chamas.

Poesia é a vida
que cruzamos com ânsia,
esperando o que leva
sem rumo a nossa barca.

Livros doces de versos
sãos os astros que passam
pelo silêncio mudo
para o reino do Nada,
escrevendo no céu
suas estrofes de prata.

Oh ! que penas tão fundas
e nunca remediadas,
as vozes dolorosas
que os poetas cantam !

Deixaria neste livro
toda a minha alma...

( tradução: William Agel de Melo )

VOLTA DE PASSEIO

Assassinado pelo céu,
entre as formas que vão para a serpente
e as formas que buscam o cristal,
deixarei crescer meus cabelos.

Com a árvore de tocos que não canta
e o menino com o branco rosto de ovo.

Com os animaizinhos de cabeça rota
e a água esfarrapada dos pés secos.

Com tudo o que tem cansaço surdo-mudo
e mariposa afogada no tinteiro.

Tropeçando com meu rosto diferente de cada dia.
Asassinado pelo céu !

( tradução: William Agel de Melo )


AR DE NOTURNO

Tenho muito medo
das folhas mortas,
medo dos prados
cheios de orvalho.
eu vou dormir;
se não me despertas,
deixarei a teu lado meu coração frio.

O que é isso que soa
bem longe ?
Amor. O vento nas vidraças,
amor meu !

Pus em ti colares
com gemas de aurora.
Por que me abandonas
neste caminho ?
Se vais muito longe,
meu pássaro chora
e a verde vinha
não dará seu vinho.

O que é isso que soa
bem longe ?
Amor. O vento nas vidraças,
amor meu !

Nunca saberás,
esfinge de neve,
o muito que eu
haveria de te querer
essas madrugadas
quando chove
e no ramo seco
se desfaz o ninho.

O que é isso que soa
bem longe ?
Amor. O vento nas vidraças,
amor meu !

( tradução: William Agel de Melo )

terça-feira, 28 de junho de 2011

Guernica

"Era uma 2ª feira, dia de feira-livre na pequena cidade da Biscaia. Das redondezas chegavam as suas estreitas ruas os camponeses do vale de Guernica, no país dos bascos, trazendo seus produtos para o grande encontro semanal. A praça ainda estava bem movimentada quando, antes das cinco da tarde, os sinos começaram os seus badalos. Tratava-se de mais uma incursão aérea. Até aquele dia fatídico - 26 de abril de 1937 - Guernica só havia visto os aviões nazistas da Legião Condor passarem sobre ela em direção a alvos mais importantes, situados mais além, em Bilbao. Mas aquela 2ª feira foi diferente. A primeira leva de Heinkels-11 despejou sua bombas sobre a cidadezinha precisamente às 16:45 horas. Durante as 2 horas e 45 minutos seguintes os moradores viram o inferno desabar sobre eles."

Durante a Guerra Civil Espanho­la, os alemães, que apoiavam Francisco Franco contra os republicanos, bombardeiam a cidade de Guernica, na região do País Basco. Mais de duas horas depois do início do ataque, dos cerca de 7 mil habitantes da cidade, mais de 1600 estavam mortos e outros 889 ficaram feridos. O fato inspirou Pablo Picasso a pintar os horrores da guerra na obra Guernica.

Apresentação da obra na Exposição Internacional de Paris (fora encomendada ao artista pelo Governo da República Espanhola) Depois da vitória de Franco, em 1939, Picasso decidiu que a obra só seria entregue ao Estado espanhol depois da restauração da democracia. Foi o que veio a acontecer em 1981.

“Não, a pintura não foi inventada para decorar casas. É um instrumento de guerra para atacarmos e para nos defendermos do inimigo”.
(Pablo Picasso)

História da Guerra

A guerra civil espanhola teve sua origem entre 1929 e 1936, um período crítico na economia espanhola, que, proporcionava muitas greves e manifestações da direita e esquerda.

A população contestou com a nova ditadura, do ano de1923, e o governo ficou desamparado em 1930.

No ano seguinte, Niceto Alcalá Zamora e Manuel Azaña, assumem o poder e determinam o direito do voto.

Manuel Azaña é eleito presidente do país, no ano de 1936, e militares desgostosos com seu governo planejam um golpe militar para distanciá-lo da presidência.

O general Francisco Franco assume o poder, finalizando a República Socialista.

Os republicanos, que lutavam pela permanência do governo de Azaña, legalmente constituído, receberam apoio da União Soviética e de cerca de 60 mil comunistas e simpatizantes de esquerda de todo o mundo, que formaram as Brigadas Internacionais de voluntários. Embora apoiassem os republicanos, Inglaterra e França optaram por uma política de não-intervenção.

Franco, juntamente com republicanos, socialistas e comunistas, pede ajuda a Adolf Hitler e Benito Mussoline.

No ano de 1936, Madri é atacada por rebeldes, orientados pela Itália e Alemanha. E depois disso, houve outro ataque comandado por Franco, que assumiu o poder desta cidade até que em 1939 foi tomada pelos nacionalistas falangistas.

Em 26 de Abril de 1937, Guérnica foi vitima de bombardeamentos, e totalmente destruída por parte de aviões alemães por ordem do General Franco. Dos 7000 habitantes, 1654 foram mortos e 889 feridos.

Em 1938, os falangistas que estavam sob o poder de Franco, dominavam grande parte da Espanha, mas Stalin vendo o grande avanço dos republicanos juntou-se com Hitler, que se retirou, juntamente com suas tropas, do país.

Após três anos de lutas, com cerca de um milhão o número de mortos, em março de 1939, foi estabelecido o regime autoritário do Generalíssimo Franco, já que a Frente Popular não tinha mais como continuar lutando na guerra e foi destruída. Franco se preservou no poder até a sua morte, em 1975.






Fonte: http://www.colegioweb.com.br/historia/guerra-civil-espanhola.html

O Brasil no contexto da Guerra Civil Espanhola

A primeira pergunta que se coloca e que se mostra importante para a análise da participação brasileira no contexto da Guerra Civil Espanhola remete à questão da nossa pouca participação naquele conflito. Seria pelo fato de mantermos uma tradição histórica mais vinculada a Portugal, a razão explicativa para tanto? Uma entre outras respostas mostra a presença dominante do Estado Novo que, tendo sido gestado desde 1930, em 1937 já assumia a responsabilidade de ‘zelar’ pelo posicionamento do país, colocando-o vulnerável aos programas da esquerda.

Logicamente, num Estado como o Brasil, onde os movimentos pendulares de esquerda/direita oscilaram com freqüência e força, o efeito de situações semelhantes no exterior teria que produzir impactos. Assim mesmo, antes do estabelecimento da ditadura estadonovista, o terrorismo de direita já inibia qualquer iniciativa brasileira que se afigurasse como apoio à esquerda1. Dada a não existência expressiva de imigrantes espanhóis como noticiadores dos atos republicanos, restava à grande imprensa e às instituições comprometidas com ideários afinados com o governo motivar e controlar qualquer divulgação.

O Estado oficial brasileiro era claramente interessado em promover a versão da Guerra como ‘caos’ e ‘resultado da democracia desordenada decorrente das eleições e do regime republicano’. Nada mais oportuno que a exemplificação imediata da Espanha. Neste sentido, aliás, atuaram as máquinas propagandísticas da direita que já estavam funcionando a todo vapor desde o chamado ‘biênio negro’ espanhol (1934-36).

Na mesma linha, todo um serviço ‘saneador’ de propaganda insistia, sobretudo através do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), na mesma tecla. Isto valia para a política autoritária brasileira como um sinônimo da vontade governante, acima da Constituição e dos direitos civis suspensos em 1930 e, depois, em 1934, e novamente em 1937. Elaborou-se, então, no Brasil uma engenharia noticiosa que reorganizou as informações, instruindo-as com teor ideológico, montada para fomentar a idéia de que as esquerdas, em qualquer lugar do mundo, eram inconseqüentes e desastrosas. Assim, as notícias da Guerra Civil Espanhola tiveram um efeito de eco para mostrar a oposição como incapaz e destruidora da ordem e do progresso.
Depois de afogado o ‘movimento comunista’ do Rio de Janeiro de 1935, o ‘exemplo’ espanhol serviria para o governo brasileiro reforçar suas teses autoritárias, e, neste cenário, poderia atuar como juiz, evitando que ocorressem no Brasil os ‘desastres da Guerra Espanhola’.

Com os jornais censurados, com o controle da produção artística exercido pelo Estado que atuava diretamente no resultado dos trabalhos, restava aos intelectuais a imaginação para materializar formas de solidariedade. A poesia foi o gênero mais freqüentado pelos artistas que se manifestaram a favor da Espanha republicana. Logicamente, o espaço da oposição se fazia mais importante, porque significava um duplo protesto: protesto contra a ditadura brasileira e oposição ao fascismo.



Foto: Guerra Civil Espanhola.
Federico García Lorca foi morto por tropas falangistas
no dia 19 de agosto de 1939.
Em 1956, Jorge Amado abria a trilogiaSubterrâneos da Liberdade com uma sintomática evocação a García Lorca (Buscaba el amanecer y el amanecer no era). O conjunto dos livros narra as aventuras de partidários comunistas no Brasil, e, especialmente, o segundo volume (Agonia da Noite), ocupa-se da relação direta entre os marinheiros do porto de Santos e a recusa em transportar café para a Espanha de Franco. Não fosse o largo espaço do livro ocupado para a discussão da problemática espanhola, o texto quase que passaria sem significado para a história, mas os detalhes chegam a impor certa atenção de quem lê sob a hipótese da discussão da problemática internacional.

O debate sobre a Guerra Civil Espanhola, seus efeitos e envolvimentos brasileiros, convida a supor que houve níveis de comprometimento. Em primeiro lugar, considera-se os limites da participação brasileira submetida ao totalitarismo da ditadura varguista. Por outro lado, é importante ressaltar a existência de sintonia com a problemática internacional, manifestada, por exemplo através da participação dos judeus brasileiros que procuravam, como os comunistas, afastar o fantasma do fascismo. Igualmente representativo é o papel democratizante que assumia parcela do Exército brasileiro, que no tempo abrigava uma representativa e atuante ala de esquerda. Vale assinalar que a Guerra Civil Espanhola serviu como metáfora para a provocação do grande debate nacional em torno da democracia e de suas viabilidades brasileiras.

As crianças da Guernica e seus Países Adotivos



Com a Guerra Civil, durante os anos de 1937 e 1938, mais de 35.000 crianças foram levadas para a União Soviética e México. Outros países europeus também acolheram os refugiados, entre eles, França (22.000) e Bélgica (mais de 3.000). Muitas deles nunca mais voltaram para a Espanha, mas seus depoimentos nos permitem reconstruir hoje a parte da história de uma geração que sofreu os horrores da guerra e o desarraigo.

México - O governo republicano, transferido para Valencia, organizou desocupações infantis para o México, país que ofereceu refúgio através do seu Presidente Lázaro Cárdenas. Quase 500 mil crianças foram enviadas para a cidade de Morelia em Michoacán, alojando-se em uma escola recém equipada num prédio da igreja. A sociedade moreliana era extremamente conservadora para acolher crianças de famílias republicanas, dando lugar a uma série de conflitos. A imprensa conservadora aproveitou o momento para fazer uma campanha contra a política cardenista em relação aos refugiados espanhóis. Na década de 60, as crianças de Morelia já haviam estabelecido profundas raízes sociais e familiares no México, por isso muitas delas não voltaram para a Espanha.

Amparo Batanero: Tinha apenas 5 anos quando pegou um trem para ir ao México junto com seus irmãos em 1937. As lembranças dos primeiros anos não são muitas, mas recebia cartas de sua mãe dizendo-lhe que se comportasse e que se reuniriam em breve. Mesmo com uma dívida pendente, visitou Espanha para “conhecer” os pais e a irmã menor que tinha ficado lá. Em 1974 recebeu a nacionalidade mexicana com orgulho e agradecimento.

União Soviética - A União Soviética apoiou o governo republicano desde o início da Guerra Civil e acolheu mais de 3.000 crianças, recebidas como heróis. Elas foram educadas no mais alto nível das diversas matérias para que ocupassem boas posições profissionais ao regressarem à Espanha. Mas ao final da Segunda Guerra Mundial, Espanha e União Soviética já não mantinham boas relações diplomáticas e as crianças não tiveram alternativa do que continuar a viver no local que as acolheram. A maioria que decidiu voltar ao país de origem durante a década de 50 não conseguiu se adaptar e seus diplomas acadêmicos não foram reconhecidos pelas autoridades espanholas.

Juanita Prieto: Em julho de 1937, aos 12 anos de idade, ela deixou seus pais, tios e avós para se refugiar na União Soviética. Ela estudou com professores espanhóis e com livros que eram traduzidos para que as crianças não perdessem o contato com a língua castelhana. Durante muitos anos viveu com a ilusão de voltar para Espanha, mesmo sem ter tido nenhuma notícia de familiares. Durante a década de 90, com a União Soviética devastada e sem nenhum patrimônio, transladou-se para sua terra natal onde, mesmo com as lembranças da infância, sente-se tratada como estrangeira.

Grã Bretanha - Inicialmente, negaram acolher as crianças refugiadas por temor que o ato fosse interpretado como um apoio aos republicanos, mas a forte reação da opinião pública britânica diante o bombardeio de Guernica, forçou o governo a mudar sua decisão. 4.000 crianças foram recebidas sem nenhuma contribuição econômica ou material. Voluntários de organizações civis ocuparam-se delas em um imenso acampamento ao ar livre no sul da Inglaterra. Após o final da Guerra Civil, uma grande parte destas crianças voltaram para a Espanha.

Begonia Ballesteros: Suas lembranças da guerra são a sirenes antes dos bombardeios e a destruição. Morava em Bilbao e foi levada para a Grã Bretanha junto com sua irmã em 1937. Em 1940, quando Franco pede que as crianças refugiadas sejam devolvidas, volta para seu país sem conseguir ver os pais, em meio de perseguições e fome.

Filmes Relacionados




Por Quem os Sinos Dobram (From Whom The Bells Trolls)

Prémio Nobel da Literatura em 1954, Ernest Hemingway esteve em Espanha como jornalista durante a Guerra Civil Espanhola, que vem a ser a temática do romance “Por Quem os sinos dobram”. Numa Espanha em convulsões violentas e fortemente impregnada do ideal comunista, Robert Jordan é um jornalista americano apaixonado pelo país, pelas touradas e pelo povo espanhol, designado por um comando pro-república para dinamitar uma ponte com o intuito de tomar Segóvia. De posse dos planos elaborados em Madrid, parte para as montanhas a fim de se juntar a um bando de guerrilha chefiado por uma cigana, Pilar, que lhe lê a palma da mão ficando apreensiva com o que supostamente vê naqueles traços. A partir de então, a cigana trata Robert com todo carinho, ao ponto de lhe “oferecer” a jovem Maria, resgatada ao fascismo depois de, após o assassínio dos pais, ter sido submetida às maiores barbaridades, incluindo o terem-lhe rapado completamente a cabeça. Os dois vivem um amor intenso, cheio de pureza e Maria foi desde logo uma espécie de dádiva que a cigana entregou a Robert para que ele vivesse, então, todo o passado, o presente e o futuro, tal como ela vivera com o seu toureiro, o homem antes de Pablo o marido presente que, tendo sido outrora um guerrilheiro valente, apresentava agora sinais de uma profunda decadência. Sobretudo por se ter tornado num bêbado e num cobarde mas que, ainda assim, nunca acreditou no sucesso do plano. Ao ponto de furtar os detonadores destinados à explosão e desertar... O enredo do livro decorre em quatro dias, enquanto Robert e os camaradas fazem os preparativos para fazerem explodir a ponte e assim abrirem caminho para a libertação da cidade. Entretanto, todos as pessoas do bando, sobretudo Pilar, vão evocando episódios sangrentos da toda a guerra, misturados com a glória de Espanha, sobretudo ligada às touradas pelas quais o povo espanhol é profundamente aficcionado. Por seu lado Robert, a quem todos chamavam carinhosamente o “Inglês”, reflecte muitas vezes sobre a família e principalmente sobre o seu avô, por quem sempre teve uma enorme admiração, bem como sobre o pai que entretanto se suicidara, minado por uma angústia existencial profunda e a quem ele, longe, numas montanhas em Espanha, carregado de granadas e metralhadores, pode, enfim, entender e perdoar-lhe a “cobardia”. Um forte nevão no mês de Maio, num desses dias, veio a adiar a operação denunciando o esconderijo. E apesar de Pablo, arrependido, ter regressado, com o perdão de todos, para ajudar na detonação, as coisas não correram da melhor maneira... Um romance onde o autor faz uma profunda reflexão sobre a vida, sobre a morte, sobre o amor, sobre a coragem, sobre a cobardia e sobretudo sobre a solidariedade humana, levada à sua expressão mais sublime em qualquer guerra, seja qual for o lado das trincheiras em que cada um se coloque por amor à causa em que acredite: sobretudo se for uma guerra que, pelo caminho, deixe milhares de mortos, anónimos ou não, por quem os sinos, para um povo católico como o espanhol, haverão sempre de dobrar... “Por quem os sinos dobram” é uma verdadeira Guernica da literatura mundial...

Fonte: http://pt.shvoong.com/books/1618889-por-quem-os-sinos-dobram/#ixzz1QbkBmQ81

Terra e Liberdade


O desejo de defender a liberdade impulsionou pessoas de diferentes nacionalidades a desembarcarem na Espanha no período de 1936-37. Derrotar o general Francisco Franco e impedir o avanço do fascismo pela Europa esboçavam o momento preciso de lutar em nome dos princípios democráticos e pela igualdade. O cineasta Ken Loach entregou com “Terra e Liberdade” uma película contundente que mostra os impactos causados pelo meandro pérfido dos acordos políticos na alma dos idealistas milicianos que se propuseram ao desafio. Acompanhando o jovem inglês Dave Carr – comunista e desempregado – pelas trincheiras formadas em solo espanhol, o filme apresenta pessoas que em circunstâncias adversas (como a de lutar tendo a disposição armamentos desgastados) mantêm vivos os sonhos e a esperança de concretizar mudanças sociais profundas, coletivizar terras e banir governos tirânicos. Dave vai para o front de batalha lutar num exército multinacional ao lado de anarquistas, comunistas, socialistas, etc. No decorrer das intensificações dos combates, as diferentes associações, entre elas a P.O.U.M. (Partido Operário da Unificação Marxista), da qual Dave faz parte e a CNT – grupo anarquista –, são obrigadas a integrar-se ao Exército Popular Comunista, caso não acatassem a ordem seriam declaradas traidoras pela direção do Partido. Entre a deslealdade e a pressão dos stalinistas (que no fim, minam a força da resistência e a marcha dos guerrilheiros para perpetrar uma combinação nefasta com Franco) e o crescimento do fascismo na Europa, as desilusões vão se acumulando até afetarem a coragem e a convicção dos milicianos. O contrassenso dos combates entre anarquistas e comunistas que desejavam uma Espanha livre do terror burguês-militar e outros disparates vão dando a dimensão das poucas probabilidades de realização do sonho democrático. A dificuldade e o desejo de coletivizar as terras de imediato entram em choque com o medo das retaliações do Exército Franquista e a noção da verdadeira dimensão dos combates e conquistas em solo espanhol para o mundo. A reunião em uma vila, após uma vitória dos milicianos, é sintomática em relação a todas essas dúvidas; pois coloca a coletivização e a propriedade privada em discussão, assim como o prélio entre o socialismo e o liberalismo faz com que o conhecimento das articulações políticas contrárias aos ideais de liberdade e igualdade destruísse o ânimo de uma geração. Porém, mesmo sendo derrotados, os feitos de um ser humano permanecem. Nisto Ken Loach, com seu cinema instigante e real nos faz acreditar. Vencedor do Prêmio da Crítica no Festival de Cannes de 1995.

Fonte: http://pt.shvoong.com/entertainment/movies/1878561-terra-liberdade/#ixzz1QbgMW7Ua



Antecedentes da Guerra


A Espanha ainda nos 30 não estava historicamente em sintonia com o resto da Europa. Enquanto a Europa ocidental já possuía instituições políticas modernas no mínimo a um século, a Espanha era um oásis tradicionalista, governada pela "trindade reacionária"(O Exército, a igreja católica e o Latifúndio), que tinham sua expressão na última monarquia de Afonso XIII. Vivia nostálgica do seu passado imperial grandioso, ao ponto de manter um excessivo número de generais e oficiais (1 general para cada 100 soldados, o maior percentual do mundo), em relação às suas reais necessidades.

A igreja, por sua vez, era herdeira do obscurantismo e da intolerância dos tribunais inquisitoriais do santo Oficio, era uma instituição que ainda condenava a modernidade como obra do demônio, o que obviamente, retardava o desenvolvimento científico. E no campo, existiam de 2 a 3 milhões de camponeses pobres, submetidos às práticas feudais e dominados por cerca de 50 mil hidalgos, proprietário de metade das terras do país (algo como os grandes latifundiários aqui no Brasil).

A até então ditadura do General Primo de Rivera apoiada pelo caciquismo (sistema eleitoral viciado que sempre dava seus votos ao governo), foi derrubada como resultado da grave crise econômica de 1930 (iniciada pela quebra da bolsa de valores de N. Iorque, em 1929) e em seguida, caiu também a monarquia. O Rei Afonso XIII foi obrigado a exilar-se e proclamou-se a República em 1931, chamada de "República de trabajadores".

A esperança era que de então em diante, a Espanha pudesse alinhar-se com seus vizinhos ocidentais e marchar para uma reforma modernizante que separasse estado e igreja e que introduzisse as grandes conquistas sociais e eleitorais recentes, além de garantir o pluralismo político e partidário e a liberdade de expressão e organização sindical. Mas o país terminou por conhecer um violento enfrentamento de classes, visto que à crise seguida por uma profunda depressão econômica, provocando a frustação generalizada na sociedade espanhola.

Os partidos políticos

As esquerdas, obedecendo a uma determinação do Comintern (a Internacional Comunista controlada pela URSS), resolveram unir-se aos democratas e liberais radicais num Fronte Popular para chegar ao poder por meio de eleições. As esquerdas espanholas estavam divididas em diversos partidos e organizações, entre eles:

PSOE (Partido Socialista Obreiro Espanhol) Socialista
PCE (Partido Comunista Espanhol) Comunista
POUM (Partido Obreiro da Unificação Marxista) Comunista-trotsquista
UGT (União Geral dos Trabalhadores) Sindical Socialista
CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores) Sindical Anarquista
FAI (Federação Anarquista Ibérica) Anarco-Sindicalista


Elas aliaram-se com os Republicanos (Ação republicana e Esquerda republicana) e mais alguns partidos autonomistas (Esquerda catalã, os galegos e o Partido Nacional Basco). Essa coligação, venceu as eleições de fevereiro de 1936, dominando 60% das Cortes (O parlamento espanhol), derrotando a Frente Nacional, composta pelos direitistas.

A Direita por sua vez estava dividida agrupada na CEDA (Confederação das Direitas autônomas), no partido agrário, nos monarquistas e tradicionalistas (carlistas) e finalmente pelos fascistas da Falange espanhola (liderados por José Antônio).

Propaganda antifascista

Pesquisando sobre o assunto na internet, encontramos este vídeo, que é uma compilação de imagens com propagandas antifascistas utilizadas durante a Guerra Civil Espanhola


Introdução

Este é um trabalho de história, criado pelos alunos do CEFET-MG Daniel Gonçalves, Gabriel Arruda, Henderson Paradela, Italo Araujo, Karina Oliveira, Ramon Caldeira e Victor Fontenelle. Neste blog, temos como objetivo aprofundar nossos conhecimentos sobre a guerra civil espanhola, além de transmiti-los para nossos possíveis leitores. Para isso, buscamos informações a partir de imagens, textos, videos e filmes que se relacionam ao assunto.