terça-feira, 28 de junho de 2011

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Por Quem os Sinos Dobram (From Whom The Bells Trolls)

Prémio Nobel da Literatura em 1954, Ernest Hemingway esteve em Espanha como jornalista durante a Guerra Civil Espanhola, que vem a ser a temática do romance “Por Quem os sinos dobram”. Numa Espanha em convulsões violentas e fortemente impregnada do ideal comunista, Robert Jordan é um jornalista americano apaixonado pelo país, pelas touradas e pelo povo espanhol, designado por um comando pro-república para dinamitar uma ponte com o intuito de tomar Segóvia. De posse dos planos elaborados em Madrid, parte para as montanhas a fim de se juntar a um bando de guerrilha chefiado por uma cigana, Pilar, que lhe lê a palma da mão ficando apreensiva com o que supostamente vê naqueles traços. A partir de então, a cigana trata Robert com todo carinho, ao ponto de lhe “oferecer” a jovem Maria, resgatada ao fascismo depois de, após o assassínio dos pais, ter sido submetida às maiores barbaridades, incluindo o terem-lhe rapado completamente a cabeça. Os dois vivem um amor intenso, cheio de pureza e Maria foi desde logo uma espécie de dádiva que a cigana entregou a Robert para que ele vivesse, então, todo o passado, o presente e o futuro, tal como ela vivera com o seu toureiro, o homem antes de Pablo o marido presente que, tendo sido outrora um guerrilheiro valente, apresentava agora sinais de uma profunda decadência. Sobretudo por se ter tornado num bêbado e num cobarde mas que, ainda assim, nunca acreditou no sucesso do plano. Ao ponto de furtar os detonadores destinados à explosão e desertar... O enredo do livro decorre em quatro dias, enquanto Robert e os camaradas fazem os preparativos para fazerem explodir a ponte e assim abrirem caminho para a libertação da cidade. Entretanto, todos as pessoas do bando, sobretudo Pilar, vão evocando episódios sangrentos da toda a guerra, misturados com a glória de Espanha, sobretudo ligada às touradas pelas quais o povo espanhol é profundamente aficcionado. Por seu lado Robert, a quem todos chamavam carinhosamente o “Inglês”, reflecte muitas vezes sobre a família e principalmente sobre o seu avô, por quem sempre teve uma enorme admiração, bem como sobre o pai que entretanto se suicidara, minado por uma angústia existencial profunda e a quem ele, longe, numas montanhas em Espanha, carregado de granadas e metralhadores, pode, enfim, entender e perdoar-lhe a “cobardia”. Um forte nevão no mês de Maio, num desses dias, veio a adiar a operação denunciando o esconderijo. E apesar de Pablo, arrependido, ter regressado, com o perdão de todos, para ajudar na detonação, as coisas não correram da melhor maneira... Um romance onde o autor faz uma profunda reflexão sobre a vida, sobre a morte, sobre o amor, sobre a coragem, sobre a cobardia e sobretudo sobre a solidariedade humana, levada à sua expressão mais sublime em qualquer guerra, seja qual for o lado das trincheiras em que cada um se coloque por amor à causa em que acredite: sobretudo se for uma guerra que, pelo caminho, deixe milhares de mortos, anónimos ou não, por quem os sinos, para um povo católico como o espanhol, haverão sempre de dobrar... “Por quem os sinos dobram” é uma verdadeira Guernica da literatura mundial...

Fonte: http://pt.shvoong.com/books/1618889-por-quem-os-sinos-dobram/#ixzz1QbkBmQ81

Terra e Liberdade


O desejo de defender a liberdade impulsionou pessoas de diferentes nacionalidades a desembarcarem na Espanha no período de 1936-37. Derrotar o general Francisco Franco e impedir o avanço do fascismo pela Europa esboçavam o momento preciso de lutar em nome dos princípios democráticos e pela igualdade. O cineasta Ken Loach entregou com “Terra e Liberdade” uma película contundente que mostra os impactos causados pelo meandro pérfido dos acordos políticos na alma dos idealistas milicianos que se propuseram ao desafio. Acompanhando o jovem inglês Dave Carr – comunista e desempregado – pelas trincheiras formadas em solo espanhol, o filme apresenta pessoas que em circunstâncias adversas (como a de lutar tendo a disposição armamentos desgastados) mantêm vivos os sonhos e a esperança de concretizar mudanças sociais profundas, coletivizar terras e banir governos tirânicos. Dave vai para o front de batalha lutar num exército multinacional ao lado de anarquistas, comunistas, socialistas, etc. No decorrer das intensificações dos combates, as diferentes associações, entre elas a P.O.U.M. (Partido Operário da Unificação Marxista), da qual Dave faz parte e a CNT – grupo anarquista –, são obrigadas a integrar-se ao Exército Popular Comunista, caso não acatassem a ordem seriam declaradas traidoras pela direção do Partido. Entre a deslealdade e a pressão dos stalinistas (que no fim, minam a força da resistência e a marcha dos guerrilheiros para perpetrar uma combinação nefasta com Franco) e o crescimento do fascismo na Europa, as desilusões vão se acumulando até afetarem a coragem e a convicção dos milicianos. O contrassenso dos combates entre anarquistas e comunistas que desejavam uma Espanha livre do terror burguês-militar e outros disparates vão dando a dimensão das poucas probabilidades de realização do sonho democrático. A dificuldade e o desejo de coletivizar as terras de imediato entram em choque com o medo das retaliações do Exército Franquista e a noção da verdadeira dimensão dos combates e conquistas em solo espanhol para o mundo. A reunião em uma vila, após uma vitória dos milicianos, é sintomática em relação a todas essas dúvidas; pois coloca a coletivização e a propriedade privada em discussão, assim como o prélio entre o socialismo e o liberalismo faz com que o conhecimento das articulações políticas contrárias aos ideais de liberdade e igualdade destruísse o ânimo de uma geração. Porém, mesmo sendo derrotados, os feitos de um ser humano permanecem. Nisto Ken Loach, com seu cinema instigante e real nos faz acreditar. Vencedor do Prêmio da Crítica no Festival de Cannes de 1995.

Fonte: http://pt.shvoong.com/entertainment/movies/1878561-terra-liberdade/#ixzz1QbgMW7Ua



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